Nesta freguesia (Vinhas - Macedo de Cavaleiros) todos os anos o regedor em dia determinado manda tocar a concelho fazendo rufar um bombo por toda a povoação.
Reúnem-se imediatamente os paroquianos em um grande número, pelo menos uma pessoa de cada casa, e logo o regedor expõe o motivo da reunião: tapar os dois grandes prados do concelho, que são cultivados à folha, em anos alternados, ficando um deles sempre inculto para pastagem; concertar os regos públicos; levantar as paredes caídas e nomear guardadores para os gados, vinhas, campos, etc.
O regedor dá as suas ordens, e cumprem-se!
São logo eleitos 2 guardadores (guardas rurais) para os campos, vinhas e terrenos cultivados; multam e levam para a barreira os gados que encontram fazendo dano, mas por seu turno são multados os guardas, quando exorbitam ou se descuidam no desempenho das suas atribuições.
Nomeiam também guardadores para os gados, que são divididos em diferentes lotes: éguas, porcos, vacas e bois.
O guardador das éguas recebe por cada cabeça 2 alqueires de castanhas no inverno e 1 alqueire de centeio no verão.
O guardador dos porcos (são ordinariamente mais de 100) recebe por cada um 2 arráteis de pão cozido, por semana; e 1 quarto de centeio por mês.
Os guardadores das vacas e bois nada ganham, mas revezam-se alternadamente um dia cada um, entre os donos do gado.
Outras muitas freguesias do nosso país têm costumes semelhantes, que constituem legislação local desde os tempos mais remotos, mas de todas as nossas freguesias a que mais se distingue neste ponto é a de Vilar da Veiga no concelho de Terras de Bouro.
In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal (1890)